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Os Arquétipos E Inconsciente Coletivo

Na Visão De Jung.

No decorrer deste post, serão apresentados alguns pontos sobre os arquétipos e inconsciente coletivo na visão do psiquiatra suiço Carl Gustav Jung que viveu entre os anos de 1875 e 1961.

Pois, ao longo do tempo, os conceitos de Jung proporcionaram uma nova visão sobre a estrutura psíquica e o desenvolvimento humano.

Ele ficou conhecido como criador da psicologia analítica. Sua teoria a respeito do inconsciente coletivo e dos arquétipos é uma das suas contribuições mais conhecidas.

Para Jung, do mesmo modo como possuímos uma herança biológica, temos também uma herança psicológica que influencia os nossos comportamentos.

E através do estudo dos arquétipos e do acesso ao inconsciente coletivo, é possível obter uma compreensão mais profunda a respeito de si mesmo e do mundo.

Imagem com vários bonecos conectados representando a conexão da humanidade que ocorre por meio de os arquétipos e inconsciente coletivo agindo na psique.
Imagem de David G Morgan por Pixabay

A Psique E O Inconsciente Coletivo Na Visão De Jung

A palavra psique, de origem latina, significava inicialmente alma ou espírito. Com o decorrer do tempo, essa palavra passou a ser relacionada com a mente.

Todavia, para Jung a psique não se resume somente as funções psíquicas, ela é entendida como um sistema dinâmico e energético.

Ou seja, a psique contém energia (por isso o termo energia psíquica) e ela está sempre em constante evolução.

De modo geral, a psique funciona como uma espécie de guia que ajuda a nos adaptarmos ao ambiente, pois ela engloba nossos pensamentos, sentimentos e também nossos comportamentos, sejam eles de forma consciente ou inconsciente.

Assim, a psique também pode ser entendida em níveis, sendo eles: consciente e inconsciente.

Mas, para Jung, a parte do inconsciente pode ainda ser separada em inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.

O consciente é a parte da psique a qual o indivíduo está ciente de seu conteúdo (pensamentos, sentimentos, memórias e percepções), sendo ela gerenciada pelo Ego.

Porém, o consciente se forma e se desenvolve progressivamente a partir do inconsciente.

Já nos dois níveis inconscientes da psique (pessoal e coletivo) encontram-se tudo aquilo que o indivíduo não está ciente.

Contudo, o inconsciente pode se comunicar com o consciente de algumas formas, como por exemplo, através de sonhos, mitos, fantasias, inspirações, dentre outras formas.

Além disso, existe uma diferença básica entre o inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.

Desta forma, o inconsciente pessoal é a camada mais superficial do inconsciente, moldado com base nas experiências e interações individuais e, por esta razão, nele estão armazenados conteúdos que são únicos e exclusivos de cada pessoa.

Já o inconsciente coletivo, conforme a teoria desenvolvida por Jung, seria a camada mais profunda da nossa psique onde estão contidos todos os conteúdos (memórias e experiências) e padrões de comportamento que são herdados de nossos ancestrais e compartilhados por toda a humanidade.

Assim, esses conteúdos e comportamentos são de natureza universal e, portanto, não são moldados por nossas experiências individuais, mas sim, do coletivo.

Relação Entre Os Arquétipos E Inconsciente Coletivo

Como citado anteriormente, o inconsciente coletivo é uma camada mais profunda da psique que contém memórias, experiências e padrões de comportamento que foram herdados de nossos ancestrais e compartilhados por toda a humanidade, criando, deste modo, uma base psíquica comum a todos os indivíduos.

Segundo Jung, essas memórias contidas no inconsciente coletivo são expressas por meio de imagens ou símbolos universais, que ele chamou de arquétipos.

Logo, o inconsciente coletivo é como um reservatório de imagens latentes ou primordiais que tem suas origens do passado ancestral de toda a humanidade e, inclusive, dos nossos antecessores pré-humanos.

Assim, essas imagens primordiais estão relacionadas ao desenvolvimento inicial da nossa psique mais primitiva.

Além disso, Jung deduziu que os arquétipos tiveram sua origem a partir de repetições constantes de uma mesma experiência ao longo de muitas gerações.

Nesse sentido, o arquétipo não representa a experiência herdada em si, mas apenas o seu potencial de repetição.

Com isso, a função dos arquétipos no inconsciente coletivo seria organizar essas imagens ou representações simbólicas em padrões específicos de comportamentos que se repetem no decorrer da história da humanidade.

Desta forma, os arquétipos moldam a forma como entendemos e respondemos ao mundo, o que pode refletir em experiências comuns a muitas pessoas.

Imagem de duas mentes humanas conectadas para representar os arquétipos e inconsciente coletivo.
Imagem de Pete Linforth por Pixabay

Arquétipos Segundo Jung

O termo arquétipo já tinha sido utilizado por Platão, sob o ponto de vista, no qual esses seriam moldes primordiais que residiriam no Mundo das Ideias.

Porém, na concepção de Jung, os arquétipos são formas preexistentes contidas no inconsciente coletivo.

E além disso, essas formas estão presentes em todos os lugares e épocas, ou seja, são de natureza universal e atemporal.

Contudo, podemos dizer que os arquétipos em si são irrepresentáveis, sendo como formas vazias, pois estão presentes no nível inconsciente da nossa mente.

No entanto, eles se expressam a partir de imagens simbólicas ou arquetípicas que estão conectadas com aspectos culturais e históricos da humanidade.

Em virtude disto, podemos entender que um único arquétipo pode ser representado por mais de uma imagem ou símbolo, em diferentes culturas e períodos do tempo.

Como ocorre, por exemplo, no caso do arquétipo da Grande Mãe, no qual podemos associá-lo a diferentes divindades nas mais variadas culturas e mitologias ao longo da história.

Ainda, de acordo com Jung, os arquétipos podem se tornar conscientes, dando uma forma definida (modelando) as informações da nossa consciência.

Ou seja, os arquétipos, quando ativados, influenciam o conteúdo da parte consciente da psique e, consequentemente, também afetam nosso comportamento.

Desta forma, segundo Jung, o arquétipo possui o chamado efeito numinoso, responsável por gerar um forte poder de influência no indivíduo, podendo fazer com que o mesmo seja limitado e, inclusive, subjugado por esse poder.

Além disso, um determinado arquétipo pode ser ativado em nós dependendo da situação em que nos encontramos ou das pessoas as quais nos aproximamos, conforme a afinidade ou ressonância dessas pessoas com o arquétipo.

Outra característica dos arquétipos é que eles podem formar combinações entre si, o que explica a formação dos diferentes tipos de personalidades existentes.

Arquétipos Junguianos

Jung identificou vários tipos de arquétipos, porém, dentre os mais estudados por ele estão: Persona, Sombra, Self (Si Mesmo), Anima e Animus.

Persona

O arquétipo persona representa a parte que o indivíduo escolhe mostrar para a sociedade.

É uma espécie de personagem criado pelo indivíduo com a intenção de causar uma boa impressão e ser aceito pelos outros, mas que na verdade não é quem ele é de verdade.

Sombra

O arquétipo sombra representa todos os aspectos inconscientes, tanto negativos como positivos, que o Ego ignora ou rejeita.

Porém, o Ego gasta muita energia para manter os conteúdos indesejados longe da nossa parte consciente.

Por isso, com o tempo as suas estratégias de defesa começam a falhar, resultando em ansiedade, depressão e até somatizações físicas.

Assim, o trabalho de integração da sombra, geralmente, proporcionará ao Ego um aumento de sua energia.

Self ou Si Mesmo

O Self ou Si Mesmo é o arquétipo que representa a totalidade e também o centro regulador da personalidade.

Ele representa o desejo que temos por alcançar a autorrealização e autoconhecimento.

Contudo, para que o indivíduo alcance o estado de autorrealização é necessário que o Ego colabore, observando e valorizando as mensagens do Self para seguí-las.

Além disso, segundo Jung, para que o Self se manifeste completamente, a personalidade deve estar plenamente desenvolvida.

Anima e Animus

A nível psicológico, o arquétipo anima (Eros) representa os aspectos femininos e inconscientes da psique de todo o homem.

Enquanto que o arquétipo animus (Logos) seria a manifestação dos aspectos masculinos e inconscientes presentes na psique da mulher.

Deste modo, para que a personalidade do indivíduo seja ajustada e equilibrada, é necessário que tanto o lado feminino no homem (anima) como o lado masculino na mulher (animus) sejam integrados e manifestados através de seus comportamentos.

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