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Arquétipo de Deméter:

Maternidade, Fertilidade e Cuidado.

Entenda o simbolismo desta deusa na mitologia, além de suas características e aspectos que podem ser despertados em você (luz e sombra) ao ativar o arquétipo de Deméter.

ÍNDICE DE CONTEÚDO

  • Deméter Na Mitologia.
  •    Deméter e o rapto de Perséfone.
  •    Deméter e os Mistérios de Elêusis.
  • Características Do Arquétipo De Deméter.
  • Lado Luz do Arquétipo de Deméter.
  • Lado Sombra Do Arquétipo de Deméter.

  • Considerações: Entendendo O Lado Luz E Sombra Dos Arquétipos.
Fonte da imagem: Canva.com

Deméter Na Mitologia

Na mitologia grega, Deméter é a deusa ligada a terra, a colheita e a fertilidade. Além disso, ela é a divindade que governa os ciclos de vida e morte, sendo por este motivo, também associada ao renascimento.

Esta deusa é filha do Titã Cronos com a Titânide Réia e seus irmãos são: Hera, Héstia, Zeus, Hades e Poseídon.

Deméter é um dos símbolos da Grande Mãe e representa a terra cultivada. Deste modo, ela é a divindade da terra que traz a agricultura e que acolhe as civilizações.

Enquanto Gaia, a Mãe Terra, gera todas as formas, reproduzindo seus frutos do nada e espontaneamente, Deméter, por sua vez, reproduz somente as formas necessárias a vida, selecionando cuidadosamente a semente e o solo adequado para que esta seja plantada.

Portanto, segundo o simbolismo de Deméter, é necessário primeiramente um bom cultivo da terra para que somente então seja gerada a vida. Com isso, o resultado da colheita será proporcional ao trabalho realizado na terra.

Em virtude disto, esta deusa representa a presença da inteligência e do conhecimento aplicados na terra. Assim, Deméter ensina a colher da terra, a partir do entendimento das estações do ano e das leis da natureza, já que ela governa os ciclos de vida e morte.

Devido sua simbologia, Deméter pode ser conhecida ainda como a deusa dos cereais, do casamento e protetora das mulheres. Além disso, ela também realizava o julgamento dos mortos junto de Perséfone, sua filha.

Alguns dos símbolos associados a deusa Deméter são o trigo, o milho e a tocha.

Na mitologia romana essa deusa é conhecida pelo nome de Ceres.

E dentre as histórias envolvendo esta deusa, a mais famosa é aquela que conta sobre o rapto de Perséfone.

Deméter e o rapto de Perséfone

Na mitologia grega, a deusa Perséfone é filha de Zeus (deus do céu e rei do Olimpo) com Deméter. Segundo uma das versões deste mito, Hades (deus do submundo), com a permissão de Zeus, rapta Perséfone levando-a para o submundo com intuito de torná-la sua esposa.

Ao saber do envolvimento de Zeus no rapto da filha, Deméter fica furiosa com ele e profundamente triste. Essa situação acaba afetando a agricultura, pois, a terra se torna improdutiva e, consequentemente, a fome começa a se espalhar.

Assim, após todo o sofrimento instaurado na Terra devido a tristeza de Deméter em estar longe da filha, Zeus acaba enviando uma mensagem a Hades para que ele libere Perséfone e ela possa se reencontrar com sua mãe.

Ao se reencontrarem, Deméter pergunta a filha se ela havia consumido algo do submundo. Pois, caso isso tivesse acontecido, Perséfone seria obrigada a passar uma parte de cada ano com Hades.

Perséfone então afirma ter comido sementes de romã. Com isso, ela passa a ficar um período do ano no submundo e outro período com sua mãe Deméter. O tempo exato que teria cada período pode variar conforme a versão desse mito.

Por esta razão, este mito foi considerado pelos gregos antigos como uma explicação para as estações do ano. Desta forma, o outono e o inverno simbolizariam o período em que Perséfone estaria com Hades no submundo. Enquanto que a primavera e o verão representariam o momento em que ela estaria com sua mãe Deméter.

Deméter e os Mistérios de Elêusis

Durante o rapto de Perséfone, Deméter muito triste, desce até a cidade de Elêusis, disfarçada como uma velha senhora. Acaba acontecendo então que ela fica responsável pelos cuidados do filho do rei Celeus, chamado Demofonte.

Na falta de sua filha e como forma de punir Zeus, ela decide transformar Demofonte em um imortal. Porém, durante o ritual, a deusa é impedida pela mãe dele de prosseguir, pois, ela se assusta ao ver o filho sendo colocado no fogo.

Diante desta situação, Deméter se revela como deusa e exige que um templo seja criado em sua homenagem na cidade de Elêusis. Ela também acaba estabelecendo que Demofonte, não se tornaria mais imortal, mas, que por ter recebido seus cuidados, possuiria dons especiais.

E após ter se resolvido toda a questão sobre Perséfone, Deméter volta ao seu templo em Elêusis para lhes ensinar os ritos que deveriam ser realizados. 

Desta forma, este mito também explica como teria surgido o culto agrário oferecido a deusa Deméter conhecido como os Mistérios de Elêusis. Esse culto era secreto e restrito somente a iniciados.

Características do Arquétipo de Deméter

O arquétipo de Deméter está associado a energia yin, ao elemento terra, a maternidade, fertilidade, abundância, nutrição, colheita, cuidado, cultivo, natureza, ciclos e renascimento.

Deméter é o arquétipo da mãe, representando o instinto maternal. Está relacionada aquela mulher que deseja e que se realiza, principalmente, no ser mãe. Neste aspecto da maternidade tem verdadeira satisfação durante cada parte do seu processo (gestar, nutrir e cuidar dos filhos).

Desta forma, possui a alta frequência do servir, do nutrir e do cuidar. Como nutridora, em seu aspecto mais amplo, diz respeito tanto a nutrir o outro fisicamente quanto ao seu mental (educar) e espiritual.

Além disso, carrega forte relação com a fertilidade, que pode estar ligada tanto a gestação, ao ter filhos, como pode estar relacionada a atração de abundância para sua vida em geral (no lar, nos negócios e nos seus projetos), trazendo em si o potencial de multiplicação.

O fato de ter ligação com o elemento terra, torna algumas características naturalmente intrínsecas a este arquétipo como, por exemplo, sensatez, produtividade, ação, capacidade de realização, praticidade, conexão com a natureza, abundância e prosperidade.

Por outro lado, considerando seus aspectos ligados a cultivo e colheita, Deméter nos ensina que cada um colhe conforme o que semeia e cultiva. Portanto, ela nos lembra a importância de sermos seletivos e cuidadosos com relação aquilo que plantamos e cultivamos dia após dia, pois, a vida nos devolve na mesma medida.

Este arquétipo é indicado para quem deseja se conectar com a energia maternal, do cuidado com o outro e do gerar (que pode estar relacionado também a produzir projetos e não necessariamente apenas ligado a filhos).

Lado Luz do Arquétipo de Deméter

  • Maior senso maternal;
  • Dar maior importância ao relacionamento com os filhos (sendo este seu maior foco);
  • Maior desejo por cuidar das pessoas a sua volta;
  • Gostar de nutrir o outro (abrangendo tanto o físico como o mental e o espiritual);
  • Amorosidade;
  • Paciência e persistência;
  • Generosidade;
  • Prestatividade (maior interesse por ajudar os demais);
  • Lealdade;
  • Transmitir confiança para as outras pessoas;
  • Sensatez;
  • Entusiasmo pela vida;
  • Praticidade (faz o que tem que ser feito);
  • Capacidade de realização (tanto associado ao agir como ao criar, ao manifestar);
  • Estimula para ação e proatividade (sair da zona de conforto);
  • Ativa conexão com os ciclos da vida (maior conexão e entendimento da própria natureza cíclica e também da natureza terrena);
  • Fertilidade e abundância (potencial de multiplicação, diz respeito tanto a filhos como a possibilidade de atrair abundância).

Lado Sombra do Arquétipo de Deméter

  • Necessidade de controle (ocasionando castração materna – no caso de excesso de proteção e controle com os filhos pode atrapalhar o crescimento, gerando padrões de dependência nos filhos);
  • Priorizar as outras pessoas e se deixar de lado (principalmente com relação aos seus filhos);
  • Teimosia;
  • Tristeza e depressão quando não se sente mais necessária ou capaz de cuidar e nutrir (síndrome do ninho vazio);
  • Apego excessivo;
  • Desejo de vingança.

Considerações: Entendendo o Lado Luz e Sombra dos Arquétipos.

Os arquétipos são as primeiras emanações da Fonte Criadora, pois, antes que qualquer coisa venha a existir, ela precisa ser imaginada primeiro. Ou seja, tudo que está manifesto no mundo material existe antes em um mundo não manifesto ou mundo das ideias como dizia Platão.

Assim, os arquétipos são apenas ideias pré-estabelecidas a respeito do que seja algo, antes que este venha a existir no mundo material. Considerando isto, podemos dizer que um determinado arquétipo é uma consciência que engloba um apanhado de informações sobre esse algo e que se encontram no inconsciente coletivo.

Desta forma, os arquétipos se encontram em um outro plano da realidade, em uma dimensão superior, não manifesta, ou mundo das ideias. Portanto, eles estão acima da dualidade, ou seja, não possuem lado positivo ou negativo. O arquétipo simplesmente é o que é.

Por serem consciências de uma outra dimensão, os arquétipos se expressam no mundo material através de símbolos, objetos, sons, cores, animais, pessoas, etc. Porém, devido a natureza dual desta realidade em que estamos inseridos, essa expressão ou manifestação no mundo material pode se tornar imperfeita.

O que podemos entender como luz ou sombra de um arquétipo seriam apenas percepções nossas a partir das informações que se encontram em nosso próprio inconsciente, jogadas na chamada sombra psicológica.

A sombra psicológica é uma área do inconsciente responsável por gerenciá-lo. Na sombra se encontra tudo aquilo que negamos e reprimimos ao longo da vida. Todos os sentimentos negativos, não aceitos e não elaborados e até mesmo os nossos potenciais, não aproveitados, são lançados na sombra.

Quando escolhemos ativar, conscientemente, determinado arquétipo em nós (ou mesmo quando ativamos sem perceber), as informações relacionadas a esse arquétipo, ao entrar em contato com o nosso inconsciente individual, pode acessar outras informações incompatíveis com esse arquétipo, como bloqueios, traumas, tabus, preconceitos e crenças limitantes.

Deste modo, o lado sombra se manifesta quando o arquétipo traz a tona essas questões que são incompatíveis com ele, da nossa própria sombra, para que elas sejam trabalhadas e resolvidas, e assim, possamos permitir que ele se expresse, através de nós, de forma plena.

Portanto, as questões não elaboradas e que estão presentes na nossa sombra, causam interferência na forma como os arquétipos se expressam por meio de nós e isso nos impede de vivenciarmos plenamente suas virtudes.

Por esta razão, os resultados com a ativação de determinado arquétipo pode variar de pessoa para pessoa. Pois, cada indivíduo possui suas próprias questões a serem resolvidas dentro de si e isso vai interferir nos aspectos luz ou sombra que o arquétipo irá despertar em cada um.

Para entender mais sobre arquétipos e como eles podem ser ativados em nós, leia também:

Fontes:

  • DE PAULA, Camile Lanza. O mito do rapto de Perséfone: reescritas, recontos e tradução. 2021. Tese de Doutorado. [sn]. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/Busca/Download?codigoArquivo=548332. Acesso em: 26/07/2023.
  • As imposições no desempenho dos papéis femininos e os padrões arquetípicos presentes na mitologia grega. Disponível em: https://repositorio.pucsp.br/bitstream/handle/27569/1/LIVIA%20REZENDE%20COSTA_Livia%20Rezende%20Costa.pdf. Acesso em: 26/07/2023.
  • Deméter, a deusa da fertilidade. Mitologia Grega. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BGzIfdsxf4c. Acesso em: 26/07/2023.
  • Deusa Deméter – A mãe da fertilidade (Arquétipos e Mitos). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4A2Xf8cMTB8. Acesso em: 27/07/2023.
  • Arquétipo de ritmo e ciclos: Arquétipo de Deméter. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WFZibdeS0bM. Acesso em: 27/07/2023.

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